Primeiro, é necessário pontificar o que é paraíso. É o céu? Aquele lugar cheio de anjos, todo azul, cheio de nuvens, paz e felicidade eterna?
Se for assim, ele não é aqui, nem em lugar nenhum do planeta Terra.
Mas, se paraíso estiver no coração, se ele for uma identidade, uma maneira de viver, uma vida, história, orgulho, ele é aqui.
A gente nasceu nesta Terra, cheia de pássaros, vegetação abundante. “A terra é bela e fértil, é uma terra onde tudo dá...” disse Caminha.
É verdade, dá até brasileiro. Nós damos aqui. Nossa semente foi plantada pelos índios. Éramos índios a princípio. Os portugueses vieram, “transaram” com as índias e surgiram os mamelucos, eles trouxeram os negros: nasceram os mulatos. Os negros se misturaram com os índios surgiram os cafuzos...
A partir daí, outras raças apareceram e todas as cores foram se misturando. Quando giramos a cartela de cores a mistura de tudo, deu o “branco” brasileiro.
Só que este “branco” colorido tem também uma alma polivalente e foi com esta alma que nós construímos a nossa identidade cultural. E, com certeza, o paraíso é onde mora nossa alma.
Se um brasileiro mora em Nova Iorque ou Paris e continua correndo atrás de farofa, tem saudades de nosso canto, se tem “banzo”, com certeza, está fora.
O Saci Pererê, as cantigas de roda, o Bumba meu Boi, as brincadeiras de pique. O seu quintal é sua casa, é o lugar onde você não é turista, onde não deveria nem ter carteira de identidade.
Hoje, segundo os portugueses, nós falamos “brasileiro.” Isto me lembrou uma estória que me contaram sobre uma vietnamita que foi aos dez anos para os Estados Unidos, depois mudou-se para a Espanha, para a França e no final, aos 23 anos não possuía nenhuma identidade cultural.Nunca havia pensado nesta hipótese. De não pertencer a lugar nenhum. Não ter uma história além da minha própria: não ter família, nem nação, nem idioma.
Que pesadelo! Graças a Deus falo brasileiro, minhas terras vão do Oiapoque ao Chuí. Meu país tem água, floresta, é imenso. Se quiser ser mais índia rumo para o norte, mais alemã, vou para o sul, se desejar acarajé, vou à Bahia. E, se quiser ter uma emoção maior ainda, posso ir a Quinta ou ao Museu de Petrópolis andar pelo jardim e pensar: nossa! Pedrinho o primeiro imperador do Brasil já andou aqui... É, Brasil! Meu paraíso é aqui...
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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