Hoje conto a estória de Celeste, uma amiga que criou seus filhos, na década de oitenta, priorizando a felicidade.
Tudo ia bem até o início de suas vidas profissionais. Apesar do bom desempenho escolar, de estarem bem preparados para as carreiras escolhidas, não conseguiam lidar com as frustrações do dia a dia.
Em determinada ocasião um deles encarou a mãe de frente e acusou-a de ser a responsável por seu atual desajuste no trabalho.
Na sua opinião, deveria ter sofrido mais na infância. Culpava-a por ter sido muito feliz o que o estava colocando em apuros. Não conseguia se adaptar à rudeza do chefe e de todo o entorno.
Celeste ficou estarrecida... pensou até que talvez devesse ter, no passado, fabricado alguns problemas: mas isto, na verdade, era insano.
As queixas continuavam até que sentou o rapaz na sua frente e falou:
__Tem alguma coisa que nunca contei a você. Uma verdade que talvez você não tenha percebido mas que vou expor agora. A vida é sofrimento, cheia de dor e percalços. Vá se acostumando pois, é daí para pior.
De repente uma nova visão do mundo! Ele olhou-a assustado pois antes ela sempre havia tentado dar desculpas, explicar o comportamento de quem o incomodava, "tampar o sol com a peneira".
Celeste continuou, dizendo que o havia ensinado a ser feliz mas não a ser fraco. E, com certeza ter sido feliz tinha lhe dado agora a oportunidade de, como todo ser transbordante de coisas boas, ser forte.
Depois deste pequeno relato penso ser mesmo difícil lidar com a vida atual, com o ''dever'' de uma felicidade contínua no lazer e no trabalho.
Ventos, tufões, terremotos, sempre existirão e ,além dos quotidianos problemas de convivência, o homem atual não quer aceitar com naturalidade as metamorfoses da natureza. Estas geram desastres, mudanças, mortes que vivenciamos com sofrimento, mas criam vida e renovam o caos.
Antigamente além da natureza ser incontrolável, não havia uma ciência desenvolvida que fosse capaz de ''prever'' desastres ecológicos como é ''possível'' hoje em dia. Mas também não sofríamos por antecipação por coisas que muitas vezes nem vão acontecer.
Queria terminar citando Nietzsche:
__Por variados caminhos e de várias maneiras cheguei à minha verdade.
E sempre e somente a contragosto perguntei pelos ''caminhos'' - isto me repugnava!
Preferia interrogar e experimentar os próprios caminhos.
Experimentar e interrogar, consistiu nisso todo o meu caminhar.
"Este agora é o meu caminho, onde esta o vosso''? assim respondia eu aos que me perguntavam o "caminho".
Porque o ''caminho'' não existe.
Coloquei estas palavras de Nietzsche para nós mães que ficamos tão preocupadas com as escolhas dos "caminhos" que devemos seguir ao educar nossos filhos. O "caminho'' escolhido por nós, com amor, não será, com certeza, o pior nem o melhor - mas será nossa escolha, o nosso ''caminho".
terça-feira, 16 de março de 2010
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